Pages

quinta-feira, 2 de maio de 2013

TENHO FÉ QUE VAI CHOVER




















TENHO FÉ QUE VAI CHOVER

Aqui no nosso centro sul
Asa Branca já bateu asa
Tem dia que o céu é azul
No outro ele aqui abrasa

Aqui o sol não dá trégua
Queimou toda vegetação
A distância de uma légua
Não há uma só plantação

A única plantação em pé
É o resistente mandacaru
Porém, eu ainda tenho fé
De ouvir coaxar o cururu

Ver o Rio Salgado vazar
Jorrar água desde a fonte
Nas suas águas vou olhar
Garotada saltar da ponte

Nonato Bertoldo






quarta-feira, 1 de maio de 2013

O HOMEM DO CAMPO






















O HOMEM DO CAMPO

Vejo que serra tá nublada
O sol surgiu no horizonte
Vejo a pastagem molhada
E a água escorrer da fonte

Eu vejo chuva cair da serra
Descendo percorre o torrão
Que molha também a terra
E o sertanejo planta o feijão

O dia chega seu crepúsculo
A noite vem para descanso
Escrevo o nome maiúsculo
Do homem pacato e manso

Que no seu lar é seu senhor
De toda família congregada
Onde há proteção do pastor
Também da família sagrada

Nonato Bertoldo

terça-feira, 30 de abril de 2013

ÉPOCA DE REPRESSÃO

















ÉPOCA DE REPRESSÃO

Fui sócio de sindicato
No tempo da ditadura
Onde nada era pacato
Comi taco de rapadura

Dormia em um barracão
Pus minha vida em jogo
No tempo de repressão
Governo de mão de fogo

Hoje tudo democrático
Dialogar com o prefeito
Tudo menos dramático
Que se decide com jeito

Sindicato hoje tem vida
Numa bonita instalação
Antes numa casa cedida
Sem espaço pra reunião

Nonato Bertoldo

O SERTÃO DO CEARÁ



















O SERTÃO DO CEARÁ

Como é triste essa vida
No interior desse Ceará
A Cascavel é só comida
Do faminto do Carcará

Tudo está deserto e seco
Animais morrem de sede
E Sertanejo segui o beco
Por não ter que o comer

A seca aqui lhe desterra
Do sítio da casa calhada
Fica a saudade da terra
O gado a vaca malhada

O Ceará virou um terror
Sem planta e sem criação
Só o xiquexique sem flor
Restou a única plantação

Nonato Bertoldo

A PALAVRA











A PALAVRA

A palavra, quando pronunciada com amor 
É como um beijo de uma alegre abelhinha
Solitária achou seu amor no néctar da flor
Que por alguma temporada ficou sozinha 

A palavra, quando pronunciada com fervor
É como uma labareda saindo de um vulcão
Acendendo fervorosamente, o nosso amor
Que aquece toda alma como uma fundição

A palavra, quando pronunciada com carinho
É como uma flecha que encrava no coração 
Que procura saída sem encontrar o caminho
Desorientada mergulha num mar de emoção

A palavra, quando pronunciada com paixão
É como um cântico de um lindo passarinho
Que no galho de árvore gorjeia uma canção
De saudade procura retornar para seu ninho

Nonato Bertoldo