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terça-feira, 30 de abril de 2013

ÉPOCA DE REPRESSÃO

















ÉPOCA DE REPRESSÃO

Fui sócio de sindicato
No tempo da ditadura
Onde nada era pacato
Comi taco de rapadura

Dormia em um barracão
Pus minha vida em jogo
No tempo de repressão
Governo de mão de fogo

Hoje tudo democrático
Dialogar com o prefeito
Tudo menos dramático
Que se decide com jeito

Sindicato hoje tem vida
Numa bonita instalação
Antes numa casa cedida
Sem espaço pra reunião

Nonato Bertoldo

O SERTÃO DO CEARÁ



















O SERTÃO DO CEARÁ

Como é triste essa vida
No interior desse Ceará
A Cascavel é só comida
Do faminto do Carcará

Tudo está deserto e seco
Animais morrem de sede
E Sertanejo segui o beco
Por não ter que o comer

A seca aqui lhe desterra
Do sítio da casa calhada
Fica a saudade da terra
O gado a vaca malhada

O Ceará virou um terror
Sem planta e sem criação
Só o xiquexique sem flor
Restou a única plantação

Nonato Bertoldo

A PALAVRA











A PALAVRA

A palavra, quando pronunciada com amor 
É como um beijo de uma alegre abelhinha
Solitária achou seu amor no néctar da flor
Que por alguma temporada ficou sozinha 

A palavra, quando pronunciada com fervor
É como uma labareda saindo de um vulcão
Acendendo fervorosamente, o nosso amor
Que aquece toda alma como uma fundição

A palavra, quando pronunciada com carinho
É como uma flecha que encrava no coração 
Que procura saída sem encontrar o caminho
Desorientada mergulha num mar de emoção

A palavra, quando pronunciada com paixão
É como um cântico de um lindo passarinho
Que no galho de árvore gorjeia uma canção
De saudade procura retornar para seu ninho

Nonato Bertoldo

COISAS NOSSAS

















COISAS NOSSAS

Quando chove no sertão 
O caboclo come no tacho 
Carne seca arroz e feijão
E sai pra pesca no riacho

Com linha, anzol, tarrafa
Mete a mão numa maloca
Depois bebe uma garrafa
Da melhor cana a ypioca

O pirão na beira da água
Não existe nada perfeito
O peixe na farinha d’água
Bem preparado com jeito

Lembro-me com saudade
Da bica lá na caixa d’água
Aquilo que era felicidade
Onde o canal ali deságua

Nonato Bertoldo

O AMOR
























O AMOR

Nosso amor quando nasceu
Em meio um olhar medroso
Em um luminoso sorriso seu
Que veio no gesto silencioso

Nosso amor se desenvolveu
Numa palavra de uma amiga
No abraço que me aqueceu
Nessa amabilidade sem briga

Nosso amor quando cresceu
Numa dedicação sem intriga
Num encontro que aqueceu
O friozinho no pé da barriga

Nosso amor quando acabou
Numa tarde num anonimato
Como uma flor que murchou
Em um jardim cheio de mato

Nonato Bertoldo

ASSIM É A CRIATURA



ASSIM É A CRIATURA

Amar é sim mui complicado
Dar-te exultação e ansiedade
Se você amar e não é amado
Que dizer que você é covarde

Ter um sentimento coerente
É muito cômodo, gratificante
Mas pessoas agem diferentes
Às vezes sereno ou arrogante 

Assim que vivem as criaturas
Que vezes atuam com a razão
Que tem ocasiões que figuras

Não pensa e age pelo coração
Razão e a emoção se mistura
Que se completa numa paixão

Nonato Bertoldo

segunda-feira, 29 de abril de 2013

SAUDADE DE JARDIM





















SAUDADE DE JARDIM

Eu lembro com saudade 
Do meu querido Jardim
Da naquela linda cidade
De tudo que foi pra mim

Brincar com a patotinha
Do papo com os amigos
Brincadeira na pracinha
Da sombra do pé de figo

O futebol no fim de tarde
O bar do escolha especial
Da festa na boate do CAP
Como o baile ali era legal

Lembro do ônibus escolar
Da saída até sua chegada
Cantar, brincar, paquerar
Na memória tá guardada

Nonato Bertoldo